terça-feira, 13 de outubro de 2009

Incidente em competição frustra remadores de projeto social de Campos

Causou-nos muita estranheza a notícia de um constrangedor incidente ocorrido em competição de remo, no último fim de semana, na Lagoa Rodrigo de Freitas.

Segundo a notícia veiculada no jornal O Globo ("As cores da intolerância na raia olímpica de 2016", matéria assinada por Aloísio Balbi e Ary Cunha, O Globo 13/10/09), dois atletas do projeto Rema Campos, David Motta Chagas, de 14 anos, e Guilherme Braga, de 15 anos, venceram a competição em sua categoria mas foram comunicados, já no pódio, que não poderiam ser premiados pois teriam sido desclassificados por não estarem com uniformes iguais, como determina o Código de Regatas da Federação de Remo do RJ. A decisão do árbitro da prova causou protestos e indignação de outros atletas e do público presente.

É bom lembrar que o Rema Campos é uma organização que luta com toda a dificuldade para restituir a prática do remo à cidade de Campos, onde o esporte, que é praticado no Rio Paraíba, já teve bons momentos no passado. Liderado pelo cabo do Corpo de Bombeiros Dimisson Nogueira, um abnegado praticante e técnico de remo, o Rema Campos oferece oportunidades para muitos jovens de comunidades de baixa renda.

Foi assim que David e Guilherme vieram ao Rio de Janeiro, dormiram em colchonetes na sede do Vasco e comeram "pão com mortadela por quatro dias", pegaram barcos emprestados para poder participar da competição. Como disse a reportagem, os meninos sentiram frustração e constrangimento ao serem retirados do pódio.

Conheço dois dos protagonistas do caso. Dimisson Nogueira, técnico dos meninos, esteve comigo há poucos meses quando assisti à "Corrida de Canoas a Vela de São Fidelis". Do outro lado, o presidente da Federação, Alessandro Zelesco, é um parceiro do Projeto Grael, desenvolve uma importante iniciativa de interiorização do esporte e é sensível à causa do esporte educativo e social. Daí a nossa surpresa com o ocorrido.

Não é possível que formalismos e legalismos sem sentido possam matar o sonho de jovens atletas e de lideranças que se dedicam a popularizar o esporte. No entanto, estamos certos que a Federação saberá contornar o problema a fazer com que fatos como esse, que conflitam com o crescente movimento do esporte social que se verifica em todo o país, sejam afastados para sempre.

Axel Grael

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