terça-feira, 3 de agosto de 2010

Estudos acadêmicos sobre o Projeto Grael são apresentados em evento da UFRRJ

UFRRJ promove palestras valorizando o esporte e a cidadania
Douglas Vieira Maços

Na tarde do dia 8 de julho, em continuação ao evento “As Ciências Sociais e o Esporte”, foram realizadas duas palestras sobre o tema esporte e cidadania. Gabriela Carlos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), graduada em antropologia, apresentou estudo sobre “Cidadania e esporte no Projeto Grael”. O segundo palestrante, doutor em ciências sociais, Luis Fernando Rojo, também da UFF, expôs pesquisa sobre “Os múltiplos significados da cidadania: Indivíduo e família na prática da vela”

Gabriela Carlos explicou sobre a importância do Projeto Grael para os beneficiados. O trabalho é desenvolvido em Niterói, no bairro de Jurujuba. Em entrevistas com os alunos do projeto, ela percebeu que a prática de esporte é vista como lazer, diferente da escola que é encarada por eles como uma obrigação. Segundo a pesquisadora, “o mais engraçado nessa história é que o Projeto Grael tem chamada e quem falta muito é encaminhado para a secretaria”.“Para os alunos do programa, ser um cidadão é ter um trabalho digno, e é isso que muitos buscam no projeto”, concluiu Gabriela Carlos após as entrevistas com os beneficiados. Segundo ela, o Projeto Grael almeja que ao final do curso os alunos tenham conseguido realizar os desejos projetados.

O segundo palestrante, Luiz Fernando Rojo, apresentou ao público parte da pesquisa que realiza em um clube de vela de Niterói, freqüentado pelas famílias das classes mais altas do Rio de Janeiro. O professor refletiu sobre a grande a distância social entre as pessoas participantes do Projeto Grael e os freqüentadores do clube de vela. Ele entende que, diferente do que acontece “em terra”, no ambiente social mar essa distância não existe, pois todos trabalham em conjunto para o melhor desenvolvimento da navegação do barco.

Durante a pesquisa de campo, Rojo percebeu a pressão que as famílias de classe alta exercem sobre os filhos. Ele contou que, durante um treinamento de vela, uma criança de dez anos se machucou de propósito só para sair do barco e parar de velejar. O pesquisador acredita que esta atitude extrema foi tomada porque a criança detesta praticar vela, mas é obrigada pela família, inteira de velejadores.

Para as crianças do Projeto Grael, a prática da vela é um direito de escolha, um lazer, uma diversão, já para as crianças das grandes famílias de velejadores a vela não é um esporte a ser praticado por escolha, é um dever defender o nome da família, uma obrigação.

Ao final das palestras e do debate com o público, o professor Édison Gastaldo da UFRRJ, apresentou dois documentários realizados por ele. O primeiro foi “Ritos da Nação”, realizado em 2007, que falou sobre a população brasileira e o seu modo de torcer para a sua seleção na copa de 2006, já o segundo foi “Praça pública” feito em 2008 que falou sobre a relação das pessoas com a praça pública mais próxima de sua casa e as relações sociais que ocorrem nas praças.


Fonte: http://ichsemfoco.blogspot.com/2010/08/ufrrj-promove-palestras-valorizando-o.html
Publicado na segunda-feira, 2 de agosto de 2010.

Um comentário:

  1. Gostaria de salientar que, na referida palestra, procurei ter o cuidado de não generalizar esta relação entre classe social/direito-obrigação. Apenas indiquei o quanto o caso específico citado, de uma criança em particular, permite repensar determinadas concepções do que seja cidadania e chamar a atenção sobre algumas relações entre a construção de uma tradição familiar e os direitos da criança e do adolescente. Assim, é importante salientar que muitas crianças encontram enorme prazer na prática deste esporte, enquanto outras se sentem pressionadas por esta tradição.

    Luiz Rojo

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