quarta-feira, 9 de março de 2011

As perspectivas para a filantropia e investimento social privado no Brasil

04/03/2011 – Nesta entrevista, o diretor presidente do IDIS, Marcos Kisil, fala sobre o desenvolvimento da filantropia no Brasil em 2011 e os pontos críticos que devem ser resolvidos para o crescimento do setor. Kisil ressalta a necessidade de forjar líderes que orientem a filantropia no País.

O que 2011 reserva para a filantropia e para o investimento social privado, no Brasil e no mundo?
O Brasil tem que se sentir um ator importante no desenvolvimento da filantropia, pois está se transformado em um ator econômico importante mundialmente e a filantropia tem uma relação direta com o potencial de crescimento econômico do País. Se o Brasil tem o potencial de ser o quinto país global em riqueza, ele também deve fazer da filantropia um espaço que demonstra o compromisso dessa riqueza com o desenvolvimento social e ambiental. O País passou a ser visto na comunidade da filantropia como um ator importante. Isso nos levou, por exemplo, a ter hoje, em São Paulo, a sede da rede Wings (Worldwide Initiatives for Grantmaker Support). A organização, de caráter mundial, escolheu o Brasil para ter uma sede permanente. Outra indicação importante é a realização de eventos como o de hoje (Desenvolvimento da Filantropia no Brasil), que mobiliza a comunidade financeira e os líderes de fundações para pensar no seu próprio papel e o que têm a dizer a respeito do futuro das organizações da sociedade civil. Enfim, o Brasil está inserido no contexto da filantropia global e tem responsabilidades. Uma delas é gerar modelos e mostrar que as ações filantrópicas brasileiras têm impacto transformador na sociedade.

"O Brasil tem um marco legal desfavorável ao processo de doar".
Marcos Kisil.

Dentre todos os pontos que precisam ser trabalhados para a filantropia avançar no País, qual é o principal desafio?
Temos várias linhas que têm de ser estimuladas, não apenas uma. As prioridades precisam ser atacadas em várias frentes. Por exemplo, uma prioridade é o marco legal. O Brasil tem um marco legal desfavorável ao processo de doar. Precisamos de uma reversão desse quadro, facilitando as doações - que é uma questão importante para o crescimento do setor. O País precisa descobrir a filantropia. Existe uma necessidade de criar fontes confiáveis de informação, fontes de acúmulo de dados e nós precisamos de alguma maneira começar a ter números que falam sobre o que é essa filantropia. Não só em termos de recursos, mas principalmente resultados e impacto nas mudanças da sociedade.

A profissionalização do setor também é um desafio?
Para mim esse elemento é crítico. Precisamos ter na linha de frente profissionais que tenham capacidade de pensar estrategicamente, de planejar, de fazer a gestão, avaliar e disseminar os resultados de uma maneira que o setor não está acostumado a fazer. Outro ponto é atacar a ausência mínima de uma massa crítica de líderes para o setor, que economicamente aponta para um volume de recursos crescente. Precisamos descobrir líderes que possam nos auxiliar a caminhar e que alavanquem o crescimento do setor.

Fonte: IDIS

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