sábado, 21 de abril de 2012

Projeto Maranhão: capacitação de jovens de Magé para iniciativa de marcenaria náutica no município


Maranhão (camisa listada) posa na sede do Projeto Grael com alunos, equipe e o patrocinador do Projeto Maranhão Ricardo Biederman Carvalho (o mais alta, em pé).

Alunos, que já têm trabalho garantido em estaleiro, serão responsáveis por restaurar barco histórico para o centenário do Rio Yatch Club, em 2014


Com o objetivo de lançar jovens para o mercado de trabalho náutico, o Projeto Grael firmou uma parceria com o carpinteiro Aldenir Carlos Costa (60 anos), conhecido como Maranhão, para criar um curso com jovens de Magé, região metropolitana do Rio de Janeiro. Todos os 12 alunos que participam deste curso já têm vaga garantida para trabalhar em um estaleiro de produção e reforma de barcos de madeira, junto ao Maranhão.

A ideia de implantar o curso específico para o público de Magé no Projeto Grael surgiu do velejador e empresário Ricardo Biederman Carvalho após ter seu belo barco Cangrejo todo reformado por Maranhão. É o próprio velejador quem paga todos os custos da oficina no Projeto Grael e do transporte dos jovens entre Magé e Niterói.

Neste primeiro semestre, a parte teórica do curso fica sob a responsabilidade do instrutor de marcenaria do Projeto Grael Fernando Dias. Nesta fase, os jovens têm noções de proporção, medição e os primeiros contatos com as ferramentas necessárias. Na parte prática, o produto final será um barco de 16 pés, com 4 remos, de origem canadense. A embarcação pode ser usada para recreação como também para pesca. Além disso, o projeto possibilita adaptar para a vela.

A segunda fase do programa terá início em julho, assim que acabarem as aulas no Projeto Grael. Para iniciar as oficinas com o Maranhão, em Magé, os alunos darão continuidade às aulas de vela a bordo de um escaler de casco de fibra e convés de madeira, fabricado especialmente para eles. Uma vez no estaleiro, os jovens colocarão a mão na massa com a missão de resgatar o último remanescente de um barco da classe Hagen-Sharpie, projetado em 1936 pelo dinamarquês Preben Schmidt, avô dos irmãos Grael. A bordo dos Hagen Sharpies, gerações precursoras da vela na Baía de Guanabara e no Brasil aprenderam a velejar e alguns dos primeiros a conquistar títulos mundiais surgiram, como Axel e Erik Schmidt, nas décadas de 1950 e 1960.

O curso de carpintaria para os jovens de Magé, complementado por aulas de vela e de informática, é realizado todas as segundas e quartas-feiras, das 8h às 11h, no Projeto Grael. Paralelamente ao projeto para atender à demanda de Magé, o Projeto Grael oferece, a cada semestre, curso de carpintaria (entre os demais 10 cursos gratuitos do Instituto) para jovens a partir dos 16 anos. O pré-requisito é que o aluno esteja matriculado em escola pública.

Conheça um pouco de Maranhão

Aldenir Costa nasceu no Maranhão (por isso o apelido), há 60 anos, e veio para o Rio em 1974. Ele conta que, ainda menino, fazia pequenos barcos de madeira (cerca de 50 cm de comprimento) para atravessar o rio. Era sua brincadeira preferida com os amigos. “Eu não tinha ferramenta alguma naquela época. Era tudo feito com machado mesmo”, lembra Maranhão.

De lá para cá, reformou tantos barcos que perdeu a conta. No entanto, resgata da memória a restauração, segundo ele, do maior barco construído de madeira: um 41 metros que custou US$ 1,5 milhões de dólares. Além desse, Maranhão traz à lembrança clássicos da Argentina (1943) e da França (cerca de 1930) que também passaram pela sua mão. Embora tenha âncora e moradia em Magé, Maranhão atua em qualquer local do Brasil, mas não dispensa o exterior também. “Se tiver um tradutor para me conduzir na rua, ótimo. Com o barco eu me viro bem”, brinca ele.

Sobre as oficinas de carpintaria que despontará novos carpinteiros navais, Maranhão diz que tem boas expectativas para alavancar a mão de obra neste setor. “Já soube de muita gente que deixa de reparar o barco porque não encontra mão de obra. O mercado é forte mas, infelizmente, não tem quem faça um trabalho de carpintaria naval. Tenho certeza de que, com a ajuda do Projeto Grael, teremos mais profissionais capacitados para mudar esse perfil de escassez”.

O Projeto Grael

A ideia de criar o Projeto Grael partiu dos velejadores Torben e Lars e Marcelo Ferreira, quando retornaram com suas respectivas medalhas olímpicas dos Jogos de Atlanta (1996). Naquele ano, Torben e Marcelo conquistaram a medalha de ouro na Classe Star e Lars e Kiko Pelicano voltaram ao Brasil com a medalha de bronze na classe Tornado. O pensamento inicial do projeto era criar uma escola de vela para crianças de comunidades de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, com o objetivo de incluir o indivíduo na sociedade através do esporte e, também, desmistificar que a vela é uma atividade elitista.

Desde a sua fundação, em 1998, mais de doze mil jovens passaram pelos diferentes cursos oferecidos pelo Projeto Grael – todos gratuitos – voltados para estudantes de nove a 24 anos que estejam cursando ou tenham concluído o ensino médio em escolas públicas. Atualmente, o Projeto oferece 10 cursos, divididos entre Iniciação Esportiva, Profissionalizante e Educação Complementar. Os dados estatísticos mostram que 27% dos alunos obtêm emprego com ajuda do Projeto Grael.

A iniciativa, que completa 14 anos em agosto, já conquistou reconhecimento internacional com prêmios e chancelas recebidas de instituições, como a Federação Internacional de Vela (Isaf), a Unesco, dentre outras. Axel Grael, engenheiro florestal e ambientalista e também velejador, foi o presidente do Projeto Grael por muitos anos e acaba de passar o posto a Torben Grael, fundador e um dos mais importantes e decisivos colaboradores do projeto.

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Saiba mais em Alunos de marcenaria do Projeto Grael visitam Instituto de Florestas da Universidade Rural

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