segunda-feira, 19 de maio de 2014

GUAPURUVU: uma das mais belas árvores da Mata Atlântica está sendo dizimada por praga na região de São Sebastião (SP)

 

Guapuruvu. Fotos da internet.
 
 


Morte de árvores intriga São Sebastião

Guapuruvus, espécie típica da Mata Atlântica, estão desaparecendo do litoral norte de São Paulo; pesquisador suspeita de fungo

GIOVANA GIRARDI , ENVIADA ESPECIAL / SÃO SEBASTIÃO - O Estado de S.Paulo

O paredão de Mata Atlântica que recepciona quem chega a São Sebastião, no litoral norte paulista, está diferente. O verde tradicional está salpicado de cinza. Aqui e ali, em meio a copas frondosas, esqueletos ressequidos perturbam a vista e denunciam um problema ambiental: os guapuruvus estão morrendo.

Espécie tradicional daquela vegetação, essa árvore (Schizolobium parahybae), que tende a ficar mais alta que a maioria, é facilmente reconhecida pela florada amarela que colore a mata no fim do inverno. Há uns três anos, de repente, começaram, uma a uma, a perder as folhas, secar, descascar e morrer.

O problema foi inicialmente observado no norte de São Sebastião, mas depois disso já se alastrou até as praias ao sul do município, atravessou o mar e atingiu Ilhabela. E já foi detectado no Jardim Botânico, em São Paulo. Ocorre tanto na mata fechada quanto na área urbana e na beira de estradas, ameaçando cair sobre casas e carros.

Sem motivo aparente, o misterioso declínio dos guapuruvus preocupa caiçaras - que tradicionalmente usam árvores caídas ou derrubadas com autorização do órgão ambiental para fazer canoas - e técnicos ambientais, que desconfiavam tanto das mudanças climáticas quanto de alguma praga nova. "Parece uma nuvem que vem descendo e matando todos os guapuruvus. Atinge quase 100% das árvores por onde passa", conta o engenheiro agrônomo Mauricio Rubio Pinto Alves, da Casa da Agricultura de São Sebastião e Ilhabela.

Ele e o engenheiro florestal Silas Barsotti Barrozo, da Secretaria do Meio Ambiente do Estado, recorreram ao pesquisador Francisco Zorzenon, do Instituto Biológico, especialista em pragas urbanas e agrícolas. O biólogo propôs uma hipótese ainda não confirmada: um pequeno besouro (uma microcoleobroca da espécie Platypus sp), comum na Mata Atlântica, estaria inoculando um fungo nos guapuruvus que seria o responsável pela sua morte.

Segundo Zorzenon, o besouro perfura o tronco da árvore, põe seus ovos, e as larvas que nascem se alimentam do tecido lenhoso da árvore. Juntamente com os ovos, os besouros também inoculam um fungo dentro da árvore, que servirá depois de complemento alimentar para as larvas. A suspeita é de que o fungo leve a árvore à morte.

Para testar essa teoria, ele espalhou armadilhas pelos guapuruvus para coletar as brocas. "Ao analisarmos no laboratório, vimos que alguns deles realmente carregam um fungo que é patogênico. Mas se é ele que está causando o problema ainda não sabemos e continuamos investigando", conta.

Zorzenon lembra que esse comportamento das brocas é comum, então ou se trata de um fungo novo, mais agressivo, ou é um organismo conhecido, mas que agora, por algum motivo, as árvores estão mais suscetíveis a ele. "Pode haver algum estressor ambiental", explica.

Impacto ecológico e social. O guapuruvu é uma espécie de árvore pioneira, ou seja, quando uma área de mata é aberta, ela é a primeira a ocupar aquele solo, protegendo-o para que outras espécies possam se desenvolver. Por isso, não vive muito tempo, chega a uns 60 anos no máximo. "É natural no processo de dinâmica de sucessão das árvores que ele vá diminuindo com o amadurecimento da floresta. Mas o que está acontecendo agora é completamente diferente", afirma Barrozo.

Os caiçaras estão aflitos com a possibilidade de perder a árvore que usam tradicionalmente. "Acho que eles vão voltar, vemos vários brotinhos nascendo, mas até atingir o tamanho para virar canoa não vai ter mais ninguém aqui para poder usar", lamenta Josias Marcelino de Matos, que há 55 anos trabalha no feitio de canoas.

Fonte: Estadão


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Prefeitura de São Sebastião pede retirada de árvores na Rio-Santos

Objetivo é evitar queda de árvores e possíveis acidentes na rodovia. Pelo menos sete árvores que estão na margem da pista estão mortas.


Árvores não foram contabilizadas pela Defesa Civil, mas estão em uma extensão de 20 Km da Rio-Santos (BR 101). (Foto: Munir El Hage/PMSS)

Do G1 Vale do Paraíba e Região
A Prefeitura de São Sebastião solicitou ao governo do estado a retirada de árvores com risco de queda que ficam na margem da rodovia Rio Santos (BR-101), no trecho que liga a cidade a Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo.

Pelo menos sete árvores da espécie Guapuruvu correm risco de cair e gerar acidentes, segundo a prefeitura. As árvores estão em uma extensão de aproximadamente 10 quilômetros, entre os kms 137 ao 148, entre os bairros Toque-Toque Pequeno e Guaecá.

“Qualquer tipo de ventania ou chuva pode vir a causar um acidente grave e a queda dessas árvores que são de tronco grande”, disse o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Hipólito do Rego. Segundo ele, essas árvores já estão mortas. “Ao longo deste ano teve muita chuva e essa umidade grande pode favorecer um parasita e também a saúde da árvore, que depende de um período seco e de chuva”, afirma.

Árvores estão localizadas no Parque Estadual da Serra do Mar (Foto: Munir El Hage/PMSS)

Árvores

Segundo ambientalistas, as árvores tem de 15 a 20 metros de altura e é comum em regiões de Mata Atlântica. “É uma árvore pioneira que forma sombra e colabora para a vegetação que se desenvolve posteriormente. Ela cresce e morre muito rápido, mas o que está impressionando agora é que todas estão morrendo de uma vez”, afirmou o engenheiro agrônomo André Motta.

Para o engenheiro, a morte das árvores estaria sendo provocada pela infestação de alguma espécie de praga na região. “Minha opinião é que as árvores estejam sendo afetadas por um besouro serrador de madeira, da espécie Oncideres Saga. Ele serra a árvore e põe as larvas para comer o tronco”, explica.

Segundo Motta, o recomendável nesse cenário é a retirada das árvores com acompanhamento ambiental devido para que se quebre o ciclo da possível praga. “Pelo que já pude perceber, é um evento que também tem acontecido em outras épocas nas regiões do Vale [do Paraíba] e de São Paulo”, diz.

Outro lado

O DER confirmou por meio de nota que recebeu notificação da prefeitura para retirada de árvores que causavam riscos a fiação no trecho. Segundo o departamento, no dia 1º de dezembro foi removido um tronco de árvore de grande porte na altura do km 145,3 e que outras poderão ser removidas em um novo cronograma de poda.


Fonte: G1 Vale do Paraíba e Região



Um comentário:

  1. o que ocorre é que todas estas arvóres que estão secando tem aproximadamente a mesma altura e idade; desta forma o que pode estar acontecendo é todas já encerraram o seu tempo de vida naturalmente. Árvores menores não estão morrendo.

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