domingo, 21 de fevereiro de 2016

ACIDENTES DE TRÂNSITO - Niterói reduz acidentes de trânsito em 78% em três anos


Alameda São Boaventura, no Fonseca: vice-liderança no número de acidentes em 2015 - Fabio Rossi / Agência O Globo

Igor Mello

No mesmo período, prefeitura aplicou 63% mais multas

NITERÓI - Um balanço feito pela NitTrans mostra que o número de acidentes de trânsito em Niterói tem caído nos últimos anos. De acordo com o órgão, em 2013 foram registrados 4.984 incidentes; enquanto em 2015 foram 1.083 — uma queda de 78%. Apesar dos avanços, a diminuição das ocorrências nas ruas da cidade ainda não foi suficiente para tornar o trânsito menos violento. No mesmo período, houve crescimento de 7,8% nos acidentes com feridos graves, enquanto as mortes ficaram estáveis — foram 18 em 2013 e 15 no ano passado.

As vias campeãs de acidentes puxaram para baixo as estatísticas. No ano passado, a liderança desse ranking ficou com a Estrada Francisco da Cruz Nunes, principal acesso à Região Oceânica, com 83 acidentes. Ela é seguida de perto pela Alameda São Boaventura, no Fonseca, que teve 71 ocorrências; e pela Avenida Central, em Itaipu, com 52. Completam as cinco vias mais perigosas da cidade a Estrada Caetano Monteiro, em Pendotiba, com 41 casos, e a Avenida Rui Barbosa, em São Francisco, com 26. Nesses cinco logradouros a queda em relação ao número de acidentes de 2013 foi de quase 79%.

Para a prefeitura, os principais responsáveis pela expressiva queda no número de acidentes foram as mudanças efetuadas na operação do tráfego e na fiscalização de infrações. Um exemplo citado é a implementação de faixas reversíveis na Estrada Francisco da Cruz Nunes, na altura do cemitério Parque da Colina, e na Avenida Roberto Silveira, além da ampliação do número de operadores em vias estratégicas, como a Alameda São Boaventura e a Praça Renascença, no Centro.

Eva Vider, professora do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da UFRJ, diz que a redução em Niterói é expressiva. Segundo ela, entre as medidas adotadas, o aumento no número de operadores é o que pode ter gerado mais impacto no ordenamento do tráfego na cidade.

— O número de agentes nas ruas surte efeito porque tem uma dupla função: atua simultaneamente na orientação e na fiscalização — explica.

Eva Vider, no entanto, não crê que as faixas reversíveis tenham relação com a redução. No caso das ocorrências graves, ela defende que a prefeitura invista em fiscalização eletrônica.

— Geralmente, esses acidentes ocorrem em decorrência de excesso de velocidade, uso de bebidas alcoólicas ou avanço de sinal. Nesses casos, é mais efetivo investir em coisas como lombadas eletrônicas e radares de avanço de sinal. Infelizmente, o ser humano só costuma obedecer quando está sendo punido no bolso — avalia.

De acordo com a prefeitura, a sinalização semafórica da cidade, que tem em média 50 anos de uso, será substituída por um sistema de sinais inteligente, que será operado diretamente do Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), em Piratininga. “Com os novos semáforos, melhorias nas placas de sinalização e o treinamento dos agentes de trânsito, a NitTrans acredita que conseguirá reduzir o índice de feridos graves e mortos”, afirma, em nota.

MULTAS CRESCEM 63%

Caminhando em direção oposta ao número de acidentes, as autuações por infrações de trânsito na cidade cresceram mais de 63% entre 2013 e 2015, também de acordo com dados da NitTrans. O número total saltou de 42.133 multas, em 2013, para 68.952 no ano passado.

Com os bloquinhos dos fiscais e pardais funcionando mais, cresceu também a receita vinda das multas de trânsito: em 2013, a prefeitura arrecadou R$ 2.365.624,30 dos motoristas infratores. Essa receita cresceu mais de 330%, chegando aos R$ 10.236.090,05 em 2015, segundo informações do Portal de Transparência da Prefeitura de Niterói.

Para o engenheiro Gilberto Gomes Gonçalves, professor de transportes no curso de Engenharia Civil da UFF, é possível ver uma relação entre a redução de acidentes e o aumento do número de multas no período.

— Com certeza essa pode ser uma das explicações para a redução. Em geral, o aumento da fiscalização minimiza acidentes — afirma.

Contudo, ainda segundo Gonçalves, apenas fechar o cerco na fiscalização não basta para reduzir os acidentes graves. Para isso, avalia, é preciso investir também na educação no trânsito.

— A fiscalização, somada ao treinamento e à conscientização, é o que vai fazer com que as pessoas respeitem mais as leis de trânsito — completa.

A prefeitura diz ainda que também tem ampliado os investimentos em educação de trânsito. Cita as multas morais, quando, em ações específicas, agentes da NitTrans distribuem panfletos para motoristas flagrados cometendo irregularidades. Além disso, lembra que criou o projeto Travessia Segura, iniciativa que, desde 2013, levou funcionários do Departamento Educacional da NitTrans a 120 escolas, alcançando um total de 36 mil crianças. O projeto conta com a ajuda do agente virtual Mateus para cativar os pequenos. Trata-se de um robô construído com peças recicladas que, através de movimentos e de uma gravação, dá aulas sobre segurança no trânsito.

O coronel Paulo Afonso Cunha, presidente da NitTrans, destaca os resultados da ação.

— É comum ouvir o filho chamar atenção da mãe, quando ela não quer atravessar na faixa de pedestres, ou quando tem gente no carro sem o cinto de segurança. A educação é mais produtiva do que a repressão — diz.

Um levantamento feito pelo GLOBO-Niterói com base nas estatísticas da NitTrans mostra ainda que a redução no número global de acidentes mudou a distribuição das ocorrências na cidade. Nos últimos três anos, a Zona Sul esteve sempre na liderança, concentrando cerca de 30% dos casos. O Centro, que em 2013 era a segunda região com mais registros, com cerca de 20%, viu sua participação cair para 13,7% este ano, sendo ultrapassado pela Região Oceânica, onde hoje ocorrem 24,5% dos casos, e pela Zona Norte, que concentra 23%. Os percentuais de Pendotiba e da Zona Leste estão estáveis, segundo os dados.

CONFIRA AS DEZ RUAS COM MAIS ACIDENTES EM 2015:

1 - Estrada Francisco da Cruz Nunes (Região Oceânica) - 83
2 - Alameda São Boaventura (Fonseca) - 71
3 - Avenida Central (Itaipu) - 52
4- Estrada Caetano Monteiro (Pendotiba) - 41
5 - Avenida Rui Barbosa (São Francisco) - 26
6 - Rua Noronha Torrezão (Santa Rosa) - 19
7 - Avenida Benjamin Constant (Zona Norte) - 18
8 - Avenida Visconde do Rio Branco (Centro) - 17
9 - Avenida Jornalista Alberto Torres (Praia de Icaraí) - 14
10 - Avenida Almirante Tamandaré (Piratininga) - 13

Fonte: O Globo Niterói


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