segunda-feira, 29 de agosto de 2016

LIXO: Uma longa jornada



Na troca de resíduos recicláveis são oferecidos descontos na conta de luz, de acordo com a tabela de valores de cada material, que é pesado. Foto: Divulgação


Lizandra Machado

Saiba para onde vai o lixo de casa e o que fazer para tornar a cidade mais sustentável


Para onde vai o nosso lixo? O questionamento pode aparecer quando as sacolas de resíduos, que antes estavam nas portas das casas, prédios e estabelecimentos, não estão mais nesses lugares. De acordo com informações da Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (Clin), todo o município é atendido tanto pela coleta domiciliar, quanto pela seletiva. No entanto, ele pode seguir diferentes caminhos e isso depende do seu tipo e/ou das ações de cada morador.

Em Niterói, por dia, 500 toneladas de lixo domiciliar e outros resíduos são recolhidos e enviados para diferentes Centros de Tratamento de Resíduo (CTR). O lixo hospitalar é destinado ao CTR de Itaboraí; os domiciliares vão para o CTR de Alcântara, em São Gonçalo; os de construção civil seguem ao CTR de Anaia, também em São Gonçalo; e os resíduos públicos coletados são enviados à Célula Emergencial do Morro do Céu, que fica no bairro do Caramujo.

De acordo com a bióloga e chefe de Divisão da Coleta Diferenciada da Companhia Municipal de Limpeza Urbana de Niterói (Clin), Silvia Pires, a cidade segue a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que visa acabar com os lixões.

“Nós já não tínhamos lixões, nós tínhamos aterro controlado [Aterro Controlado do Morro do Céu]. Mas fechamos e passamos a direcionar para um local adequado. Estamos nos preparando para ter um CTR aqui também, mas isso é uma obra que está em andamento. O nosso município tem obediência às leis ambientais, nós não transgredimos regras, nós fazemos exatamente o que as leis ambientais querem e, acima de tudo, estamos fazendo o que a Política Nacional manda”, assegura.

Os materiais recicláveis, quando não são destinados para a coleta seletiva, vão para o lixo comum e se misturam aos resíduos orgânicos. Ao serem enviados para o CTR, esses resíduos são aterrados. Segundo Silvia, isso ocorre não somente em Niterói, sendo um problema comum das cidades brasileiras.

“Ao não realizar a coleta seletiva estamos aterrando o quê? Um milhão de anos de vidro para se decompor, 500 anos de plástico para se decompor, de três a seis meses de papel para se decompor... Estamos aterrando possibilidades de emprego e renda ao deixar de mandar esses materiais para cooperativas. Começamos a aterrar coisas que não precisávamos. A gente pode separar até mesmo o lixo orgânico. Se a gente, como consumidor, tiver essa concepção, esse lixo pode ser reaproveitável dentro de casa. Podemos pegar a casca da batata e colocar para fazer um adubo no nosso vaso, por exemplo. O lixo hoje pode ser 100% reciclado”, assegura.

No entanto, quando o material é separado e enviado para a coleta seletiva, os resíduos recicláveis seguem outro caminho. A coleta seletiva em Niterói é realizada por três frentes: porta a porta, ecopontos e contentores, também chamados de contêineres de lixo. No sistema porta a porta, os materiais recicláveis são recolhidos em cada residência mediante cadastro realizado pelo item “Fale Conosco” do site www.clin.rj.gov.br ou pelo telefone 0800 22 2175. O contribuinte recebe instruções sobre todo o processo de separação de resíduos, além de material informativo. Já os ecopontos, chamados de Ecoclin, são postos de entrega voluntária, que contam com parceria público-privada com a Ampla. Na troca de resíduos recicláveis são oferecidos descontos na conta de luz, de acordo com a tabela de valores de cada material, que é pesado. Hoje a cidade conta com três ecopontos: nos bairros de Icaraí, Largo da Batalha e Engenhoca. Além de recicláveis, nesses postos também são coletados óleo vegetal usado e no Largo da Batalha são recebidos pneus. São recolhidos em Niterói uma média de 146 toneladas de materiais recicláveis por mês através do porta a porta. Já nos ecopontos são recebidos 54 toneladas.


Projeto Serafiniando: Aimée e Patrícia Serafim ressignificam o lixo transformando-o em arte. Foto: Lucas Benevides


“A população tem que começar a ver isso, que o importante é separar o resíduo, até porque a gente pede uma coisa tão simples: separar secos e molhados. No passado se pedia para separar em papel, plástico, vidros e metais, e a cozinha ficava cheia de ‘saquinhos’. Hoje em dia, são secos tudo o que pode ser reciclado em um único saco plástico e o que não pode em outro (molhados). A gente trabalha com esse conceito de seco porque não adianta a gente separar por minúcia para mandar para a cooperativa, porque lá o material vai ser reclassificado. Só para você ter uma ideia, nós temos oito tipos de plástico”, explica Silvia, ressaltando que os recicláveis recolhidos através das iniciativas são doados para cooperativas da cidade, como forma de incentivo para proporcionar geração de empregos e renda. Por mês, elas recebem em torno de 200 toneladas de recicláveis.

“A Clin não fica com resíduos, estes ficam com os catadores. Já os resíduos recolhidos na parceria, uma parte vai para a Ampla e outra para os catadores. Os catadores vendem e geram renda para eles. A Clin e a prefeitura não se envolvem nas negociações. Eles são uma cooperativa, são um CNPJ à parte. A gente dá orientação técnica e suporte para que eles funcionem”, assegura.

Para recolher lixo das áreas de encostas em Niterói, os funcionários da Clin fazem uso do rapel. Para isso, eles participam de cursos teóricos e práticos de segurança para realizar a limpeza.

Consciência ambiental – Com a ideia de desenvolver um trabalho socioambiental na Grota do Surucucu, em Niterói, o Instituto Ambiente em Movimento criou em 2013 o projeto “EcomAgente”. Criado pelo engenheiro agrônomo Jay Marinus, de 30 anos, e pelo oceanógrafo Vinicius Palermo, de 38 anos, a iniciativa visa empoderar jovens de comunidades com a capacitação em tecnologias socioambientais dando subsídios para que eles se tornem agentes transformadores. Dentre as questões discutidas está a despoluição da Baía de Guanabara.

“Como a gente despolui a Baía de Guanabara? Quando as coisas pararem de chegar lá. O principal lixo da Baía de Guanabara vem de afluente, de esgoto não tratado que cai in natura”, explica a bióloga e tesoureira da ONG, Lilian Moreira, de 37 anos. No momento, o projeto busca parcerias para dar continuidade à iniciativa.

Com a participação no “Ecom Agente”, a estudante Elaine Santos, junto com a sua mãe, Eliane, e seu irmão, Tiago Santos, tiveram a ideia de montar a fábrica Vassouras EcoPet.
“Quando estávamos desempregados, vimos uma oportunidade de crescimento nessa área. Além de ser um projeto de uma empresa, era algo que ajudaria na diminuição de lixo nas ruas. Tínhamos uma pessoa que coletava em São Francisco. No mesmo momento, um amigo tinha um tio que já fabricava, e ele nos chamou para colocar a ideia pra frente”, conta.

As vassouras são feitas com garrafas PET desfiadas, madeira para sustentar o miolo, capa para sustentar o miolo e cabo de vassoura. Ao todo já foram vendidas em torno de 500 vassouras. Hoje somente a família da jovem está à frente da iniciativa e em busca de apoio.

“A fábrica está temporariamente parada por falta de recursos financeiros e planejamos retomar as atividades assim que possível”, revela Elaine.

Novos destinos – A ideia de transformar palavras em obra de arte surgiu da atriz Aimée Serafim, de 25 anos. Em meados de 2013, ela sugeriu que a mãe e artesã, Patrícia Serafim, de 47 anos, criasse objetos de decoração que tivessem palavras. Para isso, Patrícia decidiu reaproveitar materiais e ressignificá-los. No seu ateliê em Niterói, a artesã criou a primeira placa feita de tacos depois de levar para casa o material, que seria descartado de uma reforma no apartamento da irmã.

“Já que vamos descontextualizar a palavra, tirar ela do papel e colocar na parede, vamos descontextualizar o material também. Como a gente morava numa casa antiga, de família, sempre tinha algum material guardado. Aos poucos, quando foi aparecendo muita encomenda, tivemos que procurar material entre os amigos, em madeireiras – o que eles tinham de refugo e iam jogar fora – e, em cima daquilo, criar as obras”, revela Patrícia.

Assim, em 2014, a Serafiniando surgiu de vez com a sua entrada nas redes sociais para a venda com a ajuda da produtora cultural Manu Asevedo, de 24 anos. Patrícia conta que o nome “Serafim”, seu sobrenome e o da filha, que dá origem ao nome da empresa, se refere ao anjo da falange de seis asas, que, assim como o pássaro fênix, renasce das cinzas.

“Eu acho que o nome ‘Serafim’ tem tudo a ver com a história do lixo. De você renascer uma peça, criar do nada aquilo que, literalmente, ia para o lixão e, depois, transformar em um objeto de fascínio para muita gente”, conta.

Feitos à mão por Patrícia, as placas e quadros são criados a partir de madeiras de demolição e reflorestamento e arames que elas encontram, além de retalhos de tecidos. Ao serem idealizadas em conjunto com os clientes através de encomendas, mãe e filha contam que os objetos tornam-se pessoais.

“Não dá para ser igual porque a gente tem madeiras diferentes, retiradas de lugares diferentes. A gente manda muitas fotos até chegar num lugar que seja bom para todo mundo. Como é um trabalho pessoal, não tem estoque e nem produção em massa. Ela (Patrícia) corta, lixa, prepara, desenha, pinta a madeira, faz a embalagem de papel-panamá reciclado e pedimos que a pessoa o reutilize também”, explica Aimée, que ainda revela que os objetos já foram vendidos para todo o País, além de Portugal, França, Espanha, Alemanha e Inglaterra.

Fonte: Revista O Flu




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